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Um butão diferente


Esses dias cheguei mais cedo na faculdade, peguei uma revista pra ler e entre os anúncios de bolsas e calças jeans, uma matéria: "Butão, o país que não sabe ser triste".

Na hora senti aquela sensação boa, veio na mente alguns lugares que eu sempre acreditei que não dava pra ser triste, tipo aqueles vilarejos da Umbria, que existem há séculos (e são lindos há séculos).

Mas logo em seguida cresceu no peito uma sensação estranha, ao lembrar que nesse mesmo dia, saindo de casa para o trabalho, o cara do radio disse que foram confirmadas mais de 260 MIL mortes causadas por fome na região da Nigéria. 

Bom, hoje não foi um dia de inspiração, nem de um texto incrível com alguma mensagem de efeito. 

Hoje eu acordei pra levar porradas de uma realidade nua, crua e singular. 

E quer saber? 

A gente precisa disso. 

Ter a consciência de uma vida real pra só aí conseguirmos fazer as mudanças que sonhamos.

Hoje eu admirei Butão, mas só consegui sentir Nigéria. 

E aí vem a boa e velha questão que transforma o painel da natureza humana, "pra onde é que os meus pés me levam?"

Aprendi muito cedo a confiar verdadeiramente na minha própria forma de ver e sentir o mundo ao meu redor. 

Quando eu tinha 11 anos, perguntei pra diretora do colégio que eu estudava se ela sabia onde é que toda a beleza do mundo se escondia. 

E ali, ela me ensinou que beleza é a coisa mais relativa que existe.

Eu não precisei ir até a Nigéria pra conhecer o que é de fato sofrer. 

Muito cedo eu vi que é fácil ajudar, na mesma medida que é difícil mudar o mundo. 

Mas eu não deixo de ver beleza ali.

Muita gente não vê, e tá tudo bem. 

Mais uma vez, a valsa da beleza e sua relatividade que eu aprendi aos 11. 

Só que hoje aos 24, ainda há muitas coisas das quais eu não consigo entender. 

A alegria de Butão e a tristeza da Nigéria, eu não entendo.

Larissa Monteiro
Extraido do facebook

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