Se vivermos só uma parte do que há em nós, o que acontece com o resto? vivemos aqui e agora; tudo o que aconteceu antes ou em outros lugares é passado; em grande parte esquecido.
O que teria ou o que deveria ser feito com todo o tempo que temos pela frente, em aberto e ainda sem forma? leve como o ar em sua liberdade e pesado como o chumbo em sua incerteza.
É um desejo, um simples e nostálgico sonho voltar a determinado ponto de nossa vida e poder tomar um rumo completamente diferente daquilo que fez de nós quem somos"
Deixamos algo de nós pra trás...permanecemos lá, apesar de ter partido.
E há coisas em nós que só reencontraremos ao voltar.
Viajamos ao nosso encontro quando vamos a um lugar, onde vivemos parte da nossa vida..por mais breve que tenha sido; mas indo ao nosso encontro, temos de confrontar nossa solidão.
E não é por isso que tudo o que fazemos se deve ao medo da solidão.
Não é por isso que renunciamos as coisas das quais nos arrependeremos no fim de nossas vidas?
Será basicamente uma questão de autoimagem a ideia que criamos para nós mesmos do que é preciso realizar e vivenciar para que possamos aprovar a vida que vivemos?
Se for o caso; pode-se descrever o medo da morte como o medo de não ser capaz de ser quem planejamos ser.
Se cair sobre nós a certeza de que essa plenitude nunca será atingida, subitamente não saberemos mais viver o tempo que ja não pode fazer parte de uma vida inteira.
O verdadeiro diretor da vida é o acaso; um diretor repleto de crueldade, de compaixão e de encanto fascinante.
Os momentos decisivos na vida , quando sua direção muda pra sempre, nem sempre são marcados por melodramas ruidosos.
Aliás, os momentos dramáticos das experiencias determinantes são frequentemente muitíssimo discreto.