Meus namoros nunca foram duradouros. No máximo seis meses. Acho que era olho-grande de minha mãe. Ela nunca gostou das minhas namoradas.
Eu já vivia preocupado. A cada namorada nova correspondia uma nova expectativa. Irá demorar? Recorri a São Valentino que é o protetor dos namorados. Orei com a fé de um devoto.
Com Mila estava sendo diferente. Eu pressentia que aquele relacionamento iria durar. Já havia se passado dez meses. Eu estava batendo meu próprio recorde.
Saí para comprar o presente dela. Havia chegado o dia dos namorados. Lojas cheias, namorados enamorados em busca de agradar a amante amada. Vendedores álacres. Aquela exultação fazia sentido. Um extra sempre é bem-vindo.
Escolhi um anel de brilhante. Mila merecia. Eu estava apaixonado.
Não quis nem saber o preço. Eu estava feliz.
Na hora de pagar a garota do caixa fez-me aquela pergunta de praxe:
- À vista ou no cartão?
Até aí tudo bem. Eu tinha cartão.
-Põe no cartão, por favor. Respondi eufórico.
A garota muito gentil sorriu pra mim e falou:
- Parcelamos em até dez vezes sem juros. Aceita?
Aquela pergunta me pegou de surpresa. Nunca imaginei que uma perguntinha inócua fizesse tanto efeito.
Antes de responder pensei: Será que o nosso namoro vai durar mais do que as parcelas do cartão?
- Mudei de ideia. Vou pagar à vista. Respondi bem baixinho. A vendedora quase não me ouviu.
Não consegui dormir naquela noite.
Aguardei ansioso o dia dos namorados.
Author: Edimar Monteiro